Eles
sussurravam ao ouvido, sorrindo para a simplicidade do espetáculo que haviam
escolhido assistir. Ao fundo, a música de um show viajava distâncias pra
recordá-los que havia mais diversão ali perto, numa tenda a metros dali, onde
pessoas pulavam e gritavam ao som de um cantor que não conheciam. Eles, porém,
só se importavam com um pintor à criar seu mundinho particular numa tela
pequena demais para sua imaginação.
Absortos no
fato de que também criavam o seu próprio mundo como aquele homem à fazer montanhas
onde só havia pôr-do-sol. Era mesmo assim, também enfeitavam cenários com seus
sentimentos pueris – e por que não dizer tão puros?
Eis que um
homem entra naquele pequeno espaço, com uma bolinha vermelha no nariz, a
percepção visivelmente alterada pelo álcool, cambaleando sutilmente até o fundo
do cômodo, sem que ninguém lhe desse atenção. Tirou de algum bolso secreto uma
cobra de estimação, dessas de camelôs, e fez shhh para o objeto inanimado. Iria começar seu breve show.
Captou de
imediato o interesse daquelas duas mentes imaginativas e alguns rápidos olhares
curiosos, falou tolices sem nexo, apontou para um stand sobre maternidade e
discutiu consigo próprio coisas que nenhum outro ser poderia entender. Era só
um bêbado, as pessoas pensaram, voltando seus olhos para o lento trabalho de
uma mão habilidosa. Assim o palhaço deu-se por terminar seu espetáculo, pegou
sua pequena cobra com todo o cuidado e se dirigiu para a saída, parando, no
entanto, em frente àquele jovem casal com uma frase que os surpreendeu. “E esse
é um amor para dias e dias.”