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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Profecia de um palhaço bêbado

    Eles sussurravam ao ouvido, sorrindo para a simplicidade do espetáculo que haviam escolhido assistir. Ao fundo, a música de um show viajava distâncias pra recordá-los que havia mais diversão ali perto, numa tenda a metros dali, onde pessoas pulavam e gritavam ao som de um cantor que não conheciam. Eles, porém, só se importavam com um pintor à criar seu mundinho particular numa tela pequena demais para sua imaginação.
    Absortos no fato de que também criavam o seu próprio mundo como aquele homem à fazer montanhas onde só havia pôr-do-sol. Era mesmo assim, também enfeitavam cenários com seus sentimentos pueris – e por que não dizer tão puros?
    Eis que um homem entra naquele pequeno espaço, com uma bolinha vermelha no nariz, a percepção visivelmente alterada pelo álcool, cambaleando sutilmente até o fundo do cômodo, sem que ninguém lhe desse atenção. Tirou de algum bolso secreto uma cobra de estimação, dessas de camelôs, e fez shhh para o objeto inanimado. Iria começar seu breve show.
    Captou de imediato o interesse daquelas duas mentes imaginativas e alguns rápidos olhares curiosos, falou tolices sem nexo, apontou para um stand sobre maternidade e discutiu consigo próprio coisas que nenhum outro ser poderia entender. Era só um bêbado, as pessoas pensaram, voltando seus olhos para o lento trabalho de uma mão habilidosa. Assim o palhaço deu-se por terminar seu espetáculo, pegou sua pequena cobra com todo o cuidado e se dirigiu para a saída, parando, no entanto, em frente àquele jovem casal com uma frase que os surpreendeu. “E esse é um amor para dias e dias.”

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Quer arriscar comigo?

    Eu não sou o tipo de pessoa por quem valha a pena lutar. Você sabe, cansei de te dizer isso pra ter como única resposta esse sorriso de lado enquanto sua cabeça balança suavemente de lá pra cá, visivelmente me chamando de bobinha. Não sei por que está aqui ainda, nenhum outro foi tão insistente, não se cansou dessa brincadeira? Até mesmo eu, que comecei, já me fartei dela.
    Veja, há tantas garotas nesse restaurante barato que eu te trouxe, àquele grupinho ali de meninas está te paquerando. E elas são ruins nisso, está bem óbvio, mas o fato é que você é bonito demais pra estar perdendo seu tempo comigo. Além disso, me parece ser uma boa pessoa, você é quem deveria dar uma chance para si mesmo, não eu.
    É, te dei bola, foi mal. É isso que eu faço, sou extremamente insegura, gosto de me sentir atraente, às vezes. Não, não gosto de que venham atrás de mim por causa da cor desses olhos ou pelo meu cabelo, ou sei lá. É, contraditório, eu te avisei. Aliás, por que ainda está aqui? Sou complicada demais, você não vai me entender.
    Do que tenho medo? de mentiras. Detesto faz-de-conta. É por isso que eu sempre vou embora, para não ter de ouvir um não dá mais, acabou. Tenho medo da dor, na verdade. Por favor, tire essa mão do meu rosto, não me faça caricias, esse é meu ponto fraco. É melhor eu ir antes que aconteça algo. Não, não estou fugindo, é só que... Nem sei, minha cabeça está bagunçada, apenas solte-me que eu quero ir embora. Ah, agora estou suspirando como uma menininha apaixonada. Será que posso confiar em um sussurro seu?
Não posso prometer que não irá acabar, ninguém prevê o futuro, mas posso prometer pelo hoje, pelo agora. Você quer arriscar comigo?
Faz tempo que não faço um texto assim. Eu tentei e, mesmo que do ponto critico não esteja tão bom, gostei da mensagem dele, embora  esteja um tanto confuso. O que reflete a personagem, afinal. Mas espero que gostem dele assim como eu.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sobre o tal do tempo

    Olho ao redor com surpresa: o inverno chegou, a natureza está meio mórbida, seu vento açoitando a pele. O frio não releva o casaco, sinto-o nas minhas entranhas. Ergo as mãos à boca e sopro ar quente com vontade, mas elas continuam geladas. Estou morta, só pode. Ou quase isso.
    A meu lado, ele observa atentamente a rua, provavelmente esperando a carona também. O prédio já está vazio, somente nós restamos. Todavia, a solidão impregna o ar. A gente sabe que não tem mais volta, esse é o tal do adeus. O meu primeiro adeus.
    Dizem que devemos nos desapegar de muitas coisas ao longo da vida: pessoas, objetos, situações cômodas. Porém nunca consegui por completo, seguindo em frente sem sequer lembrar como vi muitos fazerem. Tenho um medo tão grande de deixar partes de mim por aí e nunca mais me encontrar. Esse é meu pior pesadelo: abrir os olhos e não ser mais eu.
    É tolice importar-se com isto, imagino. Muitos já fizeram isso e sobreviveram, é um ciclo. Ano que vem muitos deixarão, muitos chegarão e construirão uma parte da sua história aqui, bem aqui, caminhando pelas mesmas calçadas e corredores por onde tantos já passaram e riram e choraram. Onde tantos já marcaram a sua vida, talvez a vida do próprio prédio. Passarão por este mesmo banco, quantas despedidas e reencontros ele já presenciou? Hoje foi minha última chance. Devo tê-la perdido por completo.
    Ele se remexe a meu lado, viro-me surpresa com sua inquietação. Estende-me uma flor trêmulo, tão nervoso quanto eu, suponho. Não sei o que fazer, minha boca se abre e fecha em seguida sem emitir som algum. Não sei o que dizer, sorrio em agradecimento mas meu peito dói. Um carro buzina freneticamente, escuto um grito mandando que me apresse. Tempo, tempo, quão cruel você é às vezes.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

À dois

    Minha querida, essa cama não é tão ruim. Suas molas são até macias, embora às vezes me canse de estar deitado. Também gosto de ver as pessoas que por aqui passam, mesmo que você diga que esse lugar é muito mórbido e cheira a dor, acredito que aqui as pessoas são mais humanas, mais verdadeiras. Agorinha saiu um filho de um vizinho meu, que pela primeira vez em três anos veio falar com o pai. Foi tão bonito, meu bem, vê-lo chorando pelo tempo perdido. Se pudesse levantar-me dessa cama, teria lhe dito que tempo a gente também ganha, que ainda há como fazer uma bela história, há o que aproveitar daqui em diante. Mas ele estava tão longe... minha voz rouca não pôde alcançá-lo.
    Por que essa expressão, meu amor? A enfermeira não machuca-me, ela é uma ótima profissional, sempre atenciosa. É bem verdade que há dias que chegam estressadas, fazem tudo às pressas, mas as pessoas as culpam demais, elas também são gente. Suponho que não seja fácil ver tantas pessoas morrerem.
    Isso, gosto de vê-la assim, sorrindo enquanto beija minha mão e a segura, dizendo que só mesmo eu para falar essas coisas. Dá-me a sensação de estar em casa, faze-me esquecer dessa atual situação. Gosto de quando conta nossas bobagens, com esse mesmo sorriso, seus olhos brilham tanto... E eu sei que é como se você revivesse cada instante, então eu passo a vivê-los também, numa conexão que vasculha minha mente trazendo tanta coisa esquecida. Mas você não esquece, não é?
    Se eu morrer antes de você, adoraria que falasse de mim com esse sorriso e esse brilho no olhar, que não venha de lágrimas, porque elas deixam tudo tão melancólico... E a nossa vida foi feliz demais pra ser contada assim.
    Oh, não, não, não chore.  Não quero abalá-la, meu bem, eu sei que não é fácil vir aqui me ver e dedicar toda a atenção e carinho do mundo nesse lugar que não lhe faz muito bem, sei que se sente meio triste, compreendo como esse cenário é pesaroso pra ti, todavia quero que saiba que estou bem, talvez não fisicamente, mas minha alma está em paz. Com o tempo aprendi a ver beleza nisso tudo, até mesmo nessas lágrimas teimosas à escorrer em seu rosto que tanto me tiravam o sossego, viver é poesia. Algumas são amargas, é bem verdade, entretanto sempre há algo de mágico num mero sorriso.
    Ah, sim, sabia que sorriria com o que acabei de dizer. Foi você que me ensinou isso, dou-lhe os créditos.
    Importa-se de sorrir mais uma vez? Estou tão cansado, minhas pálpebras pesam, mas quero vê-la antes de dormir. Quero levar esse sorriso pra eternidade.
Me inspirei muito em Leite Derramado, do Chico Buarque. Confesso.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Menina estranha, essa.

    Ela não queria um príncipe encantado ou viver um conto de fadas, galãs de cinema não povoavam seus pensamentos ou são seus esteriótipos de amor, não queria nenhuma história digna de filme, nem uma coincidência espetacular, um clichê qualquer servia. Menina estranha, essa. No fundo só queria ser amada e, principalmente, amar.
    Não digo que a culpa é dela, a gente não têm tanto controle assim dos nossos sentimentos, embora ela creia que isso é apenas uma desculpa para a obsessão de alguns. Veja bem, ela não é insensível, somente nunca se apaixonou como muitos da sua idade, mesmo que esses "muitos" acreditem que já tenham. Ela foi mais sincera consigo, ou então a mais tola.
    Espanta-lhe ver esses sorrisos tímidos em rostos repletos de uma felicidade pueril, essa paixonite é tão bonita. Não se lembra de ter sentido isso uma vez sequer, mesmo quando jurava que tinha encontrado o amor da sua vida, pouco depois veio a certeza de que tudo não passara de uma peça pregada pela sua imaginação. Então a paixão é isso, um enganar a si mesmo?
    Ela não sabe, talvez nunca venha a saber, esse pode ser um daqueles segredos universais. E se importa tanto, indaga-se, se martiriza com uma dúvida insolúvel. Menina estranha, essa. Não é bom procurar acasos senão eles não cruzam o nosso caminho. E o que mais seria esse encontro de almas se não um feliz acaso?
    A verdade é que a gente quer apressar as coisas, por isso enxergamos acasos onde não tem. E depois se decepciona tanto... ao ponto de não acreditar mais. Mas não faz mal, colecionar erros também significa viver. Agora solta o ar devagarinho, aprende a respirar sem pressa, porque o que há de ser, será.

sexta-feira, 29 de março de 2013

O meu amor e o teu - Parte II - Final

    No caminho de volta para casa, Mateus agia como de costume, ria e falava o que lhe viesse à mente. Quisera ela estar igual! Sentia um bolo na garganta, seu coração apertava contra o peito. E tudo piorou quando ele começou a falar de Camile.
    Isso a irritava tanto, tanto! O que tinha Camile? Por que se importar com Camile? Céus, por que, logo hoje, tinham de falar de Camile?
    Ela era insipida, excessivamente tímida, quase uma anti-social. A única pessoa com quem conversava, ao menos até um tempinho atrás, era Mateus. Ele era assim, gostava de ajudar aos outros, ela própria já foi muito beneficiada com isso. Mas Louise sentia que, de algum modo, isso estava passando dos limites.
    "Mateus, por que você se importa tanto?", soltou. Depois, virou o rosto, enrubescida.
    "Não sei... Talvez porque eu queira fazer do meu último ano o melhor?", riu, provavelmente da sua própria ingenuidade. Caramba, como esse sorriso destruía todos os seus ataques e defesas?
    Não havia nenhuma mentira nisso, ela sabia. Só não era a verdade completa, só não era uma explicação satisfatória. Louise estava com medo, admitia. Seu receio estava no que tanto tentava ignorar, no humor dele, no jeito dele... As coisas estavam mudando, era evidente. Camile a perturbava, Camile obrigou-a a estar ali, neste momento, a ponto de se arriscar como nunca antes na sua vida.
    "Está emburrada com o quê?", ele perguntou, tirando-a de seus pensamentos.
    "Nada, estou normal", murmurou. Haviam chegado na encruzilhada em que se despediam. O tempo estava se esgotando.
    Subitamente, Mateus encarou-a de frente, perto o suficiente para que seu coração começasse a dançar descontrolado. Apertou suas bochechas e forçou-lhe um sorriso, como quando eram crianças. "Olha que sorriso lindo...", ele falou enquanto Louise se afastava de suas mãos. Eles estavam velhos demais para isso, mas Mateus sempre agia assim quando a via desanimada e ela, tolinha, sempre sorria depois. Isso foi o suficiente para que ele se sentisse satisfeito. Sorrindo, acenou e seguiu pela rua.
    Ela o olhou afastar-se, tentando recuperar a coragem. No entanto, Louise sabia, sempre soube que...
    "Mateus!", gritou, antes que pudesse perder todas as suas chances. Ele virou-se, surpreso. "Eu amo você", soltou.
    Ele arqueou as sobrancelhas, em seguida sorriu. O seu sorriso meio brincalhão, meio fraternal, mas sem dúvida feliz. "Eu também", falou enquanto continuava seu caminho de volta para casa.
    Ela já sabia a resposta, o que não impediu que doesse. E uma lagrimazinha teimosa escorreu pelo seu rosto, se contrapondo a repentina calmaria do seu coração.
Entenderam por que eu disse que esse conto seria um pouco diferente? Uma dica: o título resume tudo. Espero que tenham gostado dele assim como eu, ou talvez até mais, embora não esteja tão bem escrito (se é que, alguma vez, já fiz algo muito bem escrito). Sei lá, só achei tão bonito, uma coisa tão rara hoje em dia... Mas e aí, vocês conseguiram adivinhar como seria o final?

sexta-feira, 22 de março de 2013

O meu amor e o teu - Parte I

    Louise estava parada em frente ao espelho, no banheiro do colégio, e uma mistura de sentimentos se refletiam ali. Hoje tinha sido o último dia de aula, era agora ou nunca, voltava a dizer-se. Mas a tal da coragem ainda não vinha.
    Baixou os olhos para seus cabelos louro-acinzentados, longos e encaracolados. Quantas garotas não morriam de inveja deles?  E seus olhos, de um verde discreto, delicado, quantos admiradores tinham? Era inegavelmente bela. Por que, então, tinha tanto receio de se declarar ao seu querido?
    Virou-se, de costas para o espelho. Isso não estava ajudando, ela sabia. O julgamento dele não seria esse, Mateus não era esse tipo de gente. Ele era sorridente, simpático e admirado por isso. Era bonito também, com seus cabelos negros e suas feições bem desenhadas, mas o charme ainda era o sorriso, o humor.
    Colocou a mão no rosto, envergonhada, embora não houvesse ninguém ali. Há quanto tempo nutria esse sentimento? Foi um pouco depois que começaram a estudar juntos, irem para casa juntos, ficarem tão amigos... Há uns quatro anos, talvez?
    Eles se davam tão bem, todos diziam que formavam um casal perfeito, afinal, eles se conheciam mais do que a si mesmos. Mas alguém pode me explicar por que, ainda assim, meu coração está a ponto de explodir?
    "Louise?", uma voz bem familiar a chamou da porta do banheiro. "Você está ai?"
    Ela colocou o melhor sorriso que pôde fazer no rosto. Era agora ou nunca, repetiu.
Escrevi esse conto há um tempinho, e gostei tanto. Ele é grandinho, por isso o dividi em duas partes, é bem diferente do que costumo postar (sério, não é só o fato de se passar na época do colégio, ou quase isso). Eu sei que a imagem não está bem encaixada no contexto, ao menos dessa primeira parte, mas logo você entenderão, se é que já não entenderam...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Eternize-nos

    Ei, escreve algo pra mim? Por favor, eu gosto tanto de palavras! Pode ser um mero bilhete, com uma pequena mensagem rabiscada; um simples eu te amo, bem clichê, mas na tua letra.
    Ou, quem sabe, uma carta. Nunca recebi cartas, as pessoas não se dão mais ao trabalho. Eu não me importaria mesmo se fosse mandada pelo correio, como algo distante. Só queria ter algo escrito. Pra mim. Feito por ti.
    Sobre o quê escrever em uma carta? É bem simples, querido, sobre o que tiver vontade. Paulo Neruda escreveu uma vez que "escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio, você coloca ideias."
    Por que essa minha obsessão por palavras? Não sei explicar, acho. Tenho plena consciência de que elas não provam nada e que podem ser hipócritas. Mas palavras eternizam momentos.
    Então, me fala sobre esse sentimento recíproco? Conte-me sobre as nossas vidas e diga-me como elas se entrelaçaram. Escreva-nos, meu bem. Eternize-nos.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Como superei o meu amor

    Eu poderia contar como me alienei do mundo, falar de como fugi de mim mesma... mas isto não mudou coisa alguma.
    Lembro que tentei várias táticas para te esquecer, procurei outro alguém, como me aconselharam, numa desesperada corrida para ocupar esta ausência. Distribui sorrisos hipócritas, fiz promessas falsas, planos volúveis e alimentei amores inexistente ou simplesmente imaginários. Mas nada disso me fez superar você.
    Mergulhei de cabeça nos livros e filmes, quis viver histórias que não eram minhas e ignorava o mundo o máximo que podia. Mesmo assim você não saia do meu pensamento, porque era o intruso de todos os roteiros e eu nunca soube improvisar nos papéis.
    Olha, eu cai várias vezes assim. Levei muitos tapas da vida e tive de rastejar pelo caminho enquanto dizia: está tudo bem, eu estou muito bem. No entanto,  nós dois sabemos que fingir nunca é o suficiente.
    Então, parei de ignorar a dor dissimulada, até que, devagarzinho, ela se foi. E foi fazendo uma faxina que superei o meu amor; foi tirando o pó e as teias de aranha daqueles assuntos tão dolorosos, foi fazendo o que considerava um ato de fraqueza mas que, hoje, vejo como o de maior coragem: eu chorei.
    Assim eu aprendi que chorar é ser sincero consigo mesmo.
    Eu simplesmente tive de arrumar a bagunça que você fez, e que não fez sozinho, é verdade. E que bagunça, meu caro! Até hoje não achei o meu coração para perguntar: poxa, por que não consigo gostar de ninguém? Já joguei tanta coisa fora, os esteriótipos, preconceitos, idealizações e nada. Absolutamente nada acontece.
    Mas, ainda que eu continue sendo esta garota machucada, eu te superei. E isso já é um começo.
Espero que gostem deste texto, apesar de não estar tão bom assim. Ah, sobre o link de Natsume Yuujinchou, eu já arrumei (o site tinha saído do ar) e pra quem gostar como eu, vale lembrar que têm mais três temporadas: Zoku, San e Shi. Além do mangá, para quem prefere ler, aqui.Ah, Feliz Natal ;D

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O fim da nossa história

Querido L.
Essa já é a terceira vez que inicio esta carta, mas ainda não sei como começar. Eu queria fazer jus ao passado, não fantasiá-lo e nem lhe tirar o mérito, apenas vê-lo como realmente era; com isso, me refiro a ti, meu passado.
Você foi o primeiro e, até agora, o único que verdadeiramente amei. Um amor tão grande, tão sincero, que jurava que seria eterno, todavia não foi. E fico contente por isso.
No entanto, eu te devo muito, senão tudo o que sou hoje. Através da dor eu me acheguei a escrita, percebi os meus defeitos e resolvi combatê-los. Peço-te mil desculpas por todas as vezes em que te xinguei... bem, talvez você tenha merecido.
Há  ou melhor, havia — apenas uma coisa que não entendia de modo algum: o fato de que você tenha superado algo que demorei anos para conseguir.  Tirava-me o sono saber que não foi amor, ao menos de ambos os lados. Acredito nisso, porém nunca aceitei.
Assim se iniciou minha jornada sem rumo e sem sentido. Eu procurava nos outros algo que pudesse me lembrar a ti, sejam os cabelos dourados ou o feitio metido. Esse ano, até encontrei alguém com as duas exigências, foi então que percebi que nunca poderia amá-lo porque, por mais que odeie admitir, você me marcou, foi único; estes sentimentos foram especiais ao ponto de ter a certeza de que nunca encontrarei outros idênticos.
Porém, nunca aceitei ter te perdido. Esse foi o propósito oculto dessa minha busca desenfreada: quis provar que era boa o bastante. Quis mostrar que sou especial. Agora eu finalmente sei.
Quando te vi dentro daquele carro, dirigindo-me um olhar curioso, observando-me com tanto afinco, pude fechar a ferida há tanto esquecida.  Percebi que fui tão importante quanto deveria ser, embora o seu orgulho não tenha permitido admitir isso. E eu me sinto muito grata por toda a história que vivemos, ela teve o melhor final possível porque me deu a chance de tentar novamente. Dessa vez para acertar.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Querido "."

Ultimamente, eu o vejo em todos os lugares. Não sei se isso é bom, aliás, provavelmente nem é você, mas creio que seja, mesmo sabendo que não é. Pode parecer loucura, entretanto, aposto que entendeu.
Dizem, meu bem, que quando se está apaixonado acontece isso: " você passa a te ver em todos os cabelos absurdamente escuros e em peles absurdamente claras", porque a vontade de encontrá-lo é tão grande que o cérebro passa a interpretar as coisas de modo distorcido. Quero dizer, a imaginação volta ao trabalho.
E me sinto tão infantil por ser assim. Não é sua culpa eu ter escrito sete textos contigo em mente; a culpa não é tua, querido, que eu não tenha voltado ainda, a culpa é do medo, dessa insegurança. Culpa de um trauma bobo que carrego comigo. É minha, enfim.
Porém, é tua culpa ter me dado esperanças, e logo duas vezes! Pois você sabe que sou infantil. Só não sabe que irei voltar, e te procurarei. Um dia. Embora não saiba exatamente quando.
Primeiro, devo crescer. E crescer demora, dizem. Tem gente que nunca cresce; outros, no entanto, crescem bastante, apesar de serem baixinhos. Porque crescer não é necessariamente ficar maior. E acho que isso se aplica aos sentimentos.
É possível esperar que alguém cresça?
Se for, por favor, não se esqueça de mim.
Enquanto isso, continuarei vendo-te em todas as esquinas e ruas desta cidade...

domingo, 23 de setembro de 2012

O anti-herói

Veja bem, não me culpe por ser tão tímida e insegura; nem por ser este modelo de anti-herói. Eu sou assim.
Quando quero algo, eu não sei ir atrás. Somente espero. É fácil entender por que nunca dá certo. Mas eu tento, poxa, do meu jeito. Se você não consegue enxergar isso, sinto muito.
Eu sou simples, gosto da simplicidade; se quer viver uma aventura extasiante, está olhando pro lado errado. Sou aquele tipo de gente que ri bastante, tem um bom-humor incomum, contudo, sou chegada à melancolia; às lágrimas mudas; às reflexões. Eu aproveito o que quer que seja, afinal, esta é a minha vida e eu só posso vivê-la uma vez.
Não obstante, fujo das decepções, como todo ser humano. Eu sou fraca. Você sabe. Então, se pode conviver com isso, com meu esforço invisível, meu amor contido ou os meus problemas de temperamento; siga em frente. Eu estou te esperando. Na verdade,  te esperei desde sempre, sem nem saber se é você.
Do contrário, vire o rosto. Porque, se a resposta for não, não finja que fica enquanto se vai. Porque, se não, mesmo sabendo que aquilo que senti e passei foi vão, me conformaria; porque, se não, faça o favor de me desiludir.


“E por falar em amor, aonde anda você?”

— Coração de tinta.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Carta a um (des)conhecido

Por mais ridículo que isto possa parecer, estou escrevendo para ti, meu caro homem dos sonhos, que de alguma forma apareceu na minha frente algum dia desses. Apareceu. Mas eu preferiria que tivesse ficado em seja-lá-qual-o-lugar-de-onde-você-veio.
Em suma, estou aqui para te agradecer. Isso mesmo, a-g-r-a-d-e-c-e-r. Então, obrigada pelo dia que nos conhecemos, foi mágico, até cheguei a acreditar que era uma obra divina, afinal, aquele deveria ser o dia mais feliz do meu desventurado ano. E eu REALMENTE acreditei que conhecê-lo nesta data fosse a prova viva que precisava para me jogar sem medo neste sentimento.
Obrigada pela atenção demasiada, pela porra da peça de teatro e, principalmente, por ser exatamente como eu idealizava a pessoa perfeita para mim. Te agradeço pelos dias sonhando acordada, pelas vezes que nos encontramos por pura coincidência e pela felicidade momentânea que me causou. Pelo show que nós fomos, por ter tornado aquele dia hediondo em algo cheio de graça. E por essas memórias felizes que não farão diferença nenhuma na minha existência inconveniente e desnecessária.
Aliás, obrigada por ter virado a cara ao me ver naquela linda terça-feira nublada, por ter me mostrado que devo jogar minha vida amorosa no lixo  e por jurar que este é o último texto sobre amores infortunados que escrevo.
Estou sinceramente grata por esta minha nova perspectiva, agora pretendo ser fria e inalcançável, além de autossuficiente  um ser equilibrado, sem dúvida  focada sobretudo na escrita de crônicas cujo tema central será a crise existencial da nossa espécie homo sapiens sapiens.


As experiências anteriores me mostram que nada de muito interessante pode me ocorrer sem que, necessariamente, eu tenha que passar por todo aquele caminho tortuoso de vergonha alheia, humilhação e autopiedade. 
Do nada, se sucederam as piores tragédias da História da Humanidade, incluindo a ascensão de Hitler, o Restart, os fãs do Restart e, principalmente, minha vida amorosa. Do nada, eu só posso antecipar uma jornada frustrante de volta ao ponto inicial. Do nada, eu não espero mais coisa alguma. E é aí que reside a grande ironia. Porque quando não se espera nada, absolutamente nada, alguma coisa sempre acontece.

Natália Klein

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Amor Ersatz


Eu estou aqui para pedir desculpas. Eu sei, eu sei, você nunca vai ver o que aqui escrevo — ao menos, é isto que espero — , porém, preciso por para fora toda esta angústia que me aflige.
Acho que nós dois estamos em um jogo perigoso, "troca de olhares é uma mera brincadeira" dizem os alheios a esta arte —  ou entimação, pois os olhos podem tanto ferir quanto socorrer, — decerto, no princípio era sim uma mera brincadeira de ambos os lados. Você, que é tão orgulhoso quanto eu, não desprezaria um simples flerte que possa acariciar sua autoestima, nem eu tampouco. Pois bem, brincamos; nos ignoramos outras vezes; tivemos até uma pontada de ciúme, ao menos eu; o suficiente para um amor ersatz. Entretanto, já é chegada a hora de deixarmos os nosso jogos infantis pois, como você deve ter notado, estamos correndo o risco de nos apaixonarmos.
Isto era previsivel, sem dúvida, pelo simples motivo de estarmos nesse "lenga-lenga" há quase seis meses — ou mais, não sei, não sou boa com datas e números! Portanto, se você é tão parecido comigo quanto creio que seja, deve odiar esta probabilidade plausivel de amar alguém, seja por desdém ou em virtude de um trauma como é o meu caso.
Dói-me dizer tais palavras, e peço humildes desculpas por todo mal que possa ter causado, até mesmo o que agora me aflige. Convenhamos, um amor ersatz; substituto, inferior, não curaria as feridas dos nossos corações —  e é inegável que você também as possui, vejo em seus olhos toda a dor que carrega.
Estou a rir-me do que imaginei de súbito, e como não quero esconder mais nada (principalmente porque guardar segredos sozinho é amarguroso), vou contar o meu breve devaneio; uma alucinação de um coração fraco: nos vi a admitir, hesitantes  e enrubescidos, que "amor ersatz" é somente um nome bonito para "atração mútua, repentina e indesejada" ou, comumente chamada, paixão.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Reflexões de Chuveiro


Liguei  o chuveiro e deixei a água me limpar, soltei as lágrimas que há muito guardava, tentei fazer com que os problemas e as dúvidas escorressem pelo ralo. Fingi que estava bem. Embora não esteja.
Percebi que a dor continuava guardada aqui dentro, pequena, porém viva. As dúvidas não acabaram, as certezas ainda eram pouquissímas e os problemas, os quais é bem provavel que eu os tenha criado, continuavam sendo barreiras altas demais para serem escaladas.
Eu continuei me importando.
O que tanto me aflingi é saber que ainda sou aquela menina tolinha que se apaixona fácilmente e você, considerando que eu esteja lúcida, parece ter saído dos meus sonhos de criança, da época em que dizia que "o meu marido teria uma pele bem branquinha, o cabelo e os olhos negros e seria bem mais alto do que eu", e, acredite se quiser: um rosto muito parecido com o seu me vinha à mente.
No entanto, já tenho maturidade o suficiente para perceber pelos seus modos que, provavelmente, você seja um rapaz volúvel, que "ama" alguém por um dia e, no seguinte, se apaixona por outra sem nunca se apegar a ninguém. Eu notei em ti uma certa insensibilidade às palavras que tanto me abalaram naquela palestra jovem sobre, justamente, amor e namoros.
É por isso que estou aqui há tanto tempo, refletindo, é por me importar com você, com o que acho que comecei a sentir por ti. É por me importar em não me ferir e, do mesmo modo, em conseguir a felicidade, o aconchego, que encontro na tua presença.
Estou achando que quero correr riscos, apesar de tudo. Ao menos uma vez, não vou ficar esperando que as coisas caiam do céu. Talvez, eu esteja me preparando para "brincar com fogo" ao amar alguém inconstante, entretanto, há a probabilidade de o meu julgamento estar errado...
Desliguei o chuveiro e sussurrei: "Desta vez, prometo, não chorarei por coisas vãs. Eu apenas seguirei em frente, começarei do zero, de cabeça erguida".

P.S: Finalmente estou com internet. Desculpem a demora!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Nós

Tentei escrever um texto sobre o amor no seu estado puro, queria escrever algo que fugisse ao clichê e ao comum. Quis retratar você de todos os ângulos possíveis, mas também retratar a mim. Quero algo para chamar de nosso, somente nosso.
O problema foi que não consegui tal feito. Eu percebi que preciso de você aqui, ao meu lado, fazendo rabiscos que para os outros talvez não façam o menor sentido, mas o importante é que faria sentido para nós.
Talvez nem fique bonito, pareça apenas palavras de tolos apaixonados que para se entreterem formaram um texto. Ah, que se dane o que vão pensar, eu só quero que tenha a gente ali, um belo nós, destacado ou nas entrelinhas. E será lindo, posso garantir, porque será feito de amor e o amor é lindo por si, só.

sábado, 21 de abril de 2012

Talvez


Talvez eu seja extremamente sentimental. Talvez esteja carente, me sinta forever alone como é moda dizer. Talvez seja loucura, tolice, ilusão. Ou, ainda, uma chance de recomeçar, acertando.
Talvez seja brincadeira minha. Ou dele, quem sabe? Talvez seja engano, nem seja para mim. Talvez seja pela música, nossos micos podem ter lhe chamado a atenção... E, ainda, pode ser por causa do Renato Russo.
Talvez seja o café. Ou os livros. Melhor, foi a livraria e cafeteria! Talvez seja as coisas em comum... Não, são poucas, descarto essa ideia.

Bom, talvez seja amor...