Toda sexta-feira eu ia a cafeteria. Pedia meu café favorito, com sorvete de creme em cima e com camadas de café amargo por baixo, só pra variar. Este sabor me fascinava. E, como sempre, sentei numa mesa discreta, peguei o celular, abri o Quickoffice pra ler um livro qualquer. Pelo fone de ouvido escutava todo o álbum do Agridoce. Pra mim, esta era uma tarde perfeita.
Jurava que minha vida era discreta, raramente notada, e eu meio que queria ser invisível. Mas achava que só conseguia isso plenamente naquele lugar, o meu refúgio. Onde só pessoas cultas entravam, pediam um drink, ficavam usando suas parafernálias eletrônicas e geralmente não se importavam com o mundo ao redor. Foi com eles que aprendi. Ocasionalmente vinha um grupo de adolescentes, a provável exceção da geração, alegres e cheio de conversas bobas, mas que eram educados o bastante para falarem e rirem baixo. Com o tempo, passei a não notar nada que ocorria ao meu redor.
Vida monótona, sem grandes expectativas. Até que você apareceu numa tarde comum e esbarrou em mim de propósito. Resultado: meu celular se estatelou no chão. Bem, isso não estava nos seus planos, geralmente ninguém se pergunta se uma pessoa quieta é estabanada. Eu fiquei com raiva, principalmente porque estava numa parte interessante. Lembro-me que você balbuciava pedidos de desculpas, constrangido, aparentemente confuso e talvez algo a mais que eu não saiba nomear. Juro que não prestava muita atenção, apenas tinha sorrido pois a situação era um tanto cômica. E você sorriu de volta.
Naquele momento, parecia que éramos os únicos no mundo.
Romeu. Julieta, quis dizer, mas é Gabrielle. E depois dessa apresentação de praxe você resolveu me comprar algo para compensar a queda épica. Sentou naquela mesa, aparentemente para esperar o tal pedido, mas, quando nos demos conta, a tarde já tinha se passado entre conversas despreocupadas.
— Comecei a vir aqui depois do trabalho, pra relaxar. Esta cafeteria foi um verdadeiro achado. E, de tanto vir, comecei a observar as pessoas daqui. E você era a que mais me chamava a atenção, sempre lendo algo no celular, às vezes ficando vermelha, às vezes mordendo os lábios como se não quisesse rir, mas tivesse vontade. Me deixando bem curioso — falou. Eu enrubesci. Você fez um sorrisinho constrangido e mudou rapidamente de assunto. Nunca mais esqueci do que senti neste momento.
Desde então, eu não ia a cafeteria querendo ficar só. Queria encontrá-lo, conversar e ver esse sorriso que tinha me fascinado. Era tudo tão agradável e encantador. Não era forçado, não havia aquele desespero para conseguir algo, não havia o flerte. Tudo isso me afastava das pessoas e você foi o único a perceber isso. Romeu, você foi o único a chegar devagarinho pra não me assustar. Era só a presença um do outro, mesmo que em silêncio, que importava, que nos fazia tão bem.
Já faz mais de um ano que isso aconteceu. Nossos sentimentos continuam os mesmos, não é? Apenas são mais compreendidos. Estou de volta aqui, no nosso cantinho, para comemorarmos oficialmente um ano juntos. Mas tive de chegar mais cedo para escrever isto, pelo meu celular enquanto ouço Agridoce, Ne Parle Pas, esta música que nós dois amamos. Tudo para reviver as emoções daquele dia, e de tantos outros que me vêm a mente.
Sei que você, quando chegar, vai esbarrar de propósito em mim, depois irá sorrir e seus olhos estarão brilhando. Então vou te pedir pra olhar o seu e-mail enquanto peço os nossos cafés. Assim, Romeu, sei que irei enrubescer e que verei em ti o mesmo sorriso constrangido e ao mesmo tempo feliz de alguém que estava se declarando. Como naquele momento em que, pela primeira vez, achamos o que tanto buscávamos.
Jurava que minha vida era discreta, raramente notada, e eu meio que queria ser invisível. Mas achava que só conseguia isso plenamente naquele lugar, o meu refúgio. Onde só pessoas cultas entravam, pediam um drink, ficavam usando suas parafernálias eletrônicas e geralmente não se importavam com o mundo ao redor. Foi com eles que aprendi. Ocasionalmente vinha um grupo de adolescentes, a provável exceção da geração, alegres e cheio de conversas bobas, mas que eram educados o bastante para falarem e rirem baixo. Com o tempo, passei a não notar nada que ocorria ao meu redor.
Vida monótona, sem grandes expectativas. Até que você apareceu numa tarde comum e esbarrou em mim de propósito. Resultado: meu celular se estatelou no chão. Bem, isso não estava nos seus planos, geralmente ninguém se pergunta se uma pessoa quieta é estabanada. Eu fiquei com raiva, principalmente porque estava numa parte interessante. Lembro-me que você balbuciava pedidos de desculpas, constrangido, aparentemente confuso e talvez algo a mais que eu não saiba nomear. Juro que não prestava muita atenção, apenas tinha sorrido pois a situação era um tanto cômica. E você sorriu de volta.
Naquele momento, parecia que éramos os únicos no mundo.
Romeu. Julieta, quis dizer, mas é Gabrielle. E depois dessa apresentação de praxe você resolveu me comprar algo para compensar a queda épica. Sentou naquela mesa, aparentemente para esperar o tal pedido, mas, quando nos demos conta, a tarde já tinha se passado entre conversas despreocupadas.
— Comecei a vir aqui depois do trabalho, pra relaxar. Esta cafeteria foi um verdadeiro achado. E, de tanto vir, comecei a observar as pessoas daqui. E você era a que mais me chamava a atenção, sempre lendo algo no celular, às vezes ficando vermelha, às vezes mordendo os lábios como se não quisesse rir, mas tivesse vontade. Me deixando bem curioso — falou. Eu enrubesci. Você fez um sorrisinho constrangido e mudou rapidamente de assunto. Nunca mais esqueci do que senti neste momento.
Desde então, eu não ia a cafeteria querendo ficar só. Queria encontrá-lo, conversar e ver esse sorriso que tinha me fascinado. Era tudo tão agradável e encantador. Não era forçado, não havia aquele desespero para conseguir algo, não havia o flerte. Tudo isso me afastava das pessoas e você foi o único a perceber isso. Romeu, você foi o único a chegar devagarinho pra não me assustar. Era só a presença um do outro, mesmo que em silêncio, que importava, que nos fazia tão bem.
Já faz mais de um ano que isso aconteceu. Nossos sentimentos continuam os mesmos, não é? Apenas são mais compreendidos. Estou de volta aqui, no nosso cantinho, para comemorarmos oficialmente um ano juntos. Mas tive de chegar mais cedo para escrever isto, pelo meu celular enquanto ouço Agridoce, Ne Parle Pas, esta música que nós dois amamos. Tudo para reviver as emoções daquele dia, e de tantos outros que me vêm a mente.
Sei que você, quando chegar, vai esbarrar de propósito em mim, depois irá sorrir e seus olhos estarão brilhando. Então vou te pedir pra olhar o seu e-mail enquanto peço os nossos cafés. Assim, Romeu, sei que irei enrubescer e que verei em ti o mesmo sorriso constrangido e ao mesmo tempo feliz de alguém que estava se declarando. Como naquele momento em que, pela primeira vez, achamos o que tanto buscávamos.
A imagem não tem muito a ver com o texto, mas foi a melhor que encontrei. Espero que tenham gostado desse texto, tive a ideia enquanto lia no meu quarto pelo celular e ouvia, justamente, Agridoce. Quando me dei conta, não estava nem prestando atenção ao Livro dos Contos Enfeitiçados e sim a estória que estava desenvolvendo na cabeça, por isso tive de pegar logo um papel pra não esquecer um minimo detalhe. Sempre é assim quando tenho uma ideia que me agrada. Bem, faz muito tempo que não ando por aqui e tenho de me explicar. Eu estava inteiramente sem inspiração, quando estou de férias isto é frequente porque geralmente pego o terrível costume de me isolar do mundo e de só sair de casa dia de domingo pra ir pra igreja. Por isso, garanto que tudo voltará ao normal quando as aulas começarem. Mas muito obrigado a todos que não desistiram daqui e aos novos seguidores sejam bem-vindos, este cantinho agora é seu também ;)
Lindo texto *----*
ResponderExcluirwww.cupcaketaste.com
Olá flor, ainda estou interessada na parceria parceria sim... Colocarei seu link no meu blog... Beijos...
ResponderExcluirMas que bonito *--* Eu adorei a forma como você escreveu,
ResponderExcluirPodia ter acontecido comigo nos cafés que eu visitei ( droga haha)
bjs
naquelemomentoeujuro.blogspot.com
Ah, eu também adoraria que isso tivesse acontecido na cafeteria que eu vou, mas cadê, né?
ExcluirQue texto mais lindo *-* Achei o máximo a sua forma de escrever, deve ser realmente lindo "esbarrar" com uma pessoa que vai mudar seus dias.
ResponderExcluir@awnste
http://www.senhoritaliberdade.com/
Que conto lindinho ^O^. Nunca ouvi Agridoce. Mas,agora deu vontade! <3
ResponderExcluirEu deveria ter esse costume, de pegar um bloco assim que tenho uma ideia...já deixei muitas passarem...
Emilie Escreve ~ • Fanpage • Twitter
Aaah, eu amo Agridoce, é um projeto paralelo da Pitty, bem folk. Graças a ele me apaixonei por folk e por francês (com, justamente, a música Ne Parle Pas. Depois eu descobri que tenho três músicas em francês no celular, todas de músicos brasileiros, legal não é? Acho que é a língua mais gostosa de se ouvir).
ExcluirBem, se acho uma ideia boa, ela fica na minha cabeça, não consigo pensar em outra coisa se não escrevê-la, mas mesmo assim já consegui perder boas ideias. Minha sorte é que geralmente estou em casa quando as ideias aparecem.
Que maravilhoso! As pessoas especiais surgem em momentos simples e quando menos esperamos.
ResponderExcluirBeijos, Cyn.
http://ograndetalvez.blogspot.com.br
Fico muito feliz em saber que ficou bom. Estava com certo receio de ter ficado meloso, mas acho que não pude evitar. Às vezes o meu lado romântico fala mais alto.
ExcluirLiiindo lindo lindo, adoro os seus textos você escreve muito bem.
ResponderExcluirbeijo flor**
minhahistoriasendofeita.blogspot.com.br
Ai, adorei. Eu sempre tive um "sonho" de encontrar alguém assim, durante um hábito que fosse observado por alguém sem que eu percebesse. Não tenho costume de frequentar cafeterias, mas eu sempre pensava em encontrar alguém numa livraria que frequento assiduamente todos os finais de semana. Nunca apareceu, mas né. haha' Enfim... quando li "Romeu" pensei logo no seu projeto de livro, mas pelo nome da garota, acho que não tem nada a ver, não é mesmo? rs'
ResponderExcluirp.s.: Minha inspirações também parecem fugir durante as férias. É quando eu tenho mais tempo para pegar no papel e na caneta exclusivamente para isso, mas cadê que a inspiração vem?
Nossa, não imaginava que alguém ia lembrar desse meu projeto! Tipo, esse texto surgiu porque estou num estado de espirito muito romântico, também só escutando músicas em francês (essa é a língua mais gostosa de se ouvir, sério! Louise Attaque puxa mais pro rock com toque clássico, acho que você vai gostar, e Noir Désir é mais calmo, folk, um amor!) e Romeu foi porque estou lendo uma releitura do clássico e estou amando, tanto que estou com vontade de ler o original para comparar.
ExcluirMas o meu projeto combina mais com Tempestade da Legião Urbana, porque é bem denso, nada romântico, por isso não dá pra escrever nada assim no momento...
Muito bom ler seu blog.
ResponderExcluirAdorei aqui
Bjos
Posso falar? Me apaixonei nesse texto Samy!
ResponderExcluirSuper me identifiquei com a personagem. E acho que você também é/espera ser assim né?
Quem sabe um dia não aconteça: achamos o que tanto buscávamos.
Bjs,
Dani | http://www.avidaemletras.com/
Hahaha, alguém descobriu! É mais ou menos isso, mas só o fato de ter inspiração significa que estou mais romântica que o normal... Isso é uma questão de fases, há pouco tempo esta escrevendo apenas sobre melancolia, tanto que não publiquei os textos por estarem muito pessimistas... Sou assim, meu humor, vulgo minhas emoções, sempre refletem nos meus textos.
ExcluirSamyleee, eu fiquei imaginando a cena todinha na minha cabeça.
ResponderExcluirSe fosse um livro, não pararia de ler :)
É tão bom quando a gente encontra o nosso Romeu, não é mesmo? Mesmo sem que nós sejamos Julietas. Gabrielles também são muito bem-vindas.
Adorei.
Beijão
Quanto tempo que não nos falamos em? Como você está? Apaixonada, talvez? Adorei esse texto. Queria muito encontrar alguém como o qual descreveu. Me imagino com alguém em um banco de praça sabe? Sempre achei romântico como nos filmes.
ResponderExcluirAos Dezesseis Anos - Blog | Twitter | PageFB
Que ideia maravilhosa pra um texto, e achei que a imagem ficou boa sim.
ResponderExcluirSeguindo, segue de volta? Meu blog é de textos, espero que goste.
http://pedacosdelembrancas.blogspot.com.br/
bjbj, Kellen Oliveira
Oi, tem tag pra voce no meu blog, espero que goste
ResponderExcluirbjs
naquelemomentoeujuro.blogspot.com
Que texto lindo. Eu me senti dentro da história. Sabe, as vezes eu fico imaginando eu nessa situação encontrando alguém "do nada" e dar certo. Isso é tão romântico, é como se o amor surgisse sem interesse algum e inocente...
ResponderExcluirBeijos
Estou seguindo se quiser dar uma olhadinha no meu blog
sogarotasteen.blogspot.com
Acho que deve ser assim, sem interesse, devagarzinho.
ExcluirLembrei dessa citação de Orgulho e Preconceito agora: "Não posso determinar a hora ou o lugar, ou o olhar, ou as palavras que estabeleceram o alicerce. Foi muito tempo atrás. Eu estava no meio antes de saber que havia começado."
Amei os teus textos :)
ResponderExcluirConheci pelo blog da Emilie, adorei a atmosfera do Florecer e Palavrear.
Sucesso!
Tecido_Doce
Twitter
Uma escrita perfeita, uma história que chega até o coração e faz morada. Você escreve de um jeito que nos prende em cada linha.
ResponderExcluirAmei!
Beijos.
http://luzia-medeiros.blogspot.com.br/
Nossa, obrigada! Acho que é tudo o que uma futura escritora quer ouvir!
ExcluirQue máximo o texto, fui lendo e criando a cena em minha mente.
ResponderExcluirLembrei-me de que, a um tempo atrás, eu visitava cafés na expectativa de desfechos como este, rs.
Quem sabe um dia eu, pelo menos, presencie algo assim...
Parabéns pelo texto!
Um beijo,
Jhosy
http://meninamsicaeflor.blogspot.com.br/
Achei incrível o fato de vocês estarem imaginando bem a cena. Sempre achei difícil despertar isso no leitor, agora me sinto realizada!
ExcluirCara, que texto lindo! Eu, como uma apaixonada por café, me apaixonei por esse texto também. Espero fielmente, todas as manhãs, que meu café mude o rumo de meus pensamentos e de meu coração... quem sabe eu não encontro meu Romeu?
ResponderExcluirAh, e a inspiração tá fugindo de mim também, justamente quando eu mais preciso... uma droga, né?
Beijos <3
http://menina-do-sol.blogspot.com.br/
Muitas imagens para meus textos eu mesmo eu crio e ficam legais.
ResponderExcluirA foto pode não representar o clima romântico muito bem narrado por ti, mas mostra o casal em lugar que parece um café. A partir daí a imaginação é dos leitores, ou seja, nossa.
O estória é muito bonita.
Obrigado, Claudio! Ache incrível essa sua ideia, um dia pretendo fazer isso também, só falta vencer um pouco dessa minha preguiça e me esforçar, de fato, a entender sobre fotografia.
ExcluirNosssa que lindo nunca tinha ouvido mas agora vou ouvir,
ResponderExcluirdepois de uma passadinha no meu site,
www.meninasabida.com.br
beijocas
Vim conhecer seu blog porque recomendaram e eu, sinceramente, achei incrível! Os textos que você posta são realmente muito bons! E esse com café, não sei porque, mas estórias com café são realmente agradáveis de ler. Amei o layout do blog e Estou seguindo seu blog, viu?
ResponderExcluirwww.estilo-romantica.blogspot.com.br/
Awn, obrigada, pequena! Fico contente em saber que gostou assim. Também amo ler estórias que envolvem cafés, seja porque sou fã, ou porque simplesmente elas têm algo único... Vai saber!
Excluir;)