quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Carta a um (des)conhecido

Por mais ridículo que isto possa parecer, estou escrevendo para ti, meu caro homem dos sonhos, que de alguma forma apareceu na minha frente algum dia desses. Apareceu. Mas eu preferiria que tivesse ficado em seja-lá-qual-o-lugar-de-onde-você-veio.
Em suma, estou aqui para te agradecer. Isso mesmo, a-g-r-a-d-e-c-e-r. Então, obrigada pelo dia que nos conhecemos, foi mágico, até cheguei a acreditar que era uma obra divina, afinal, aquele deveria ser o dia mais feliz do meu desventurado ano. E eu REALMENTE acreditei que conhecê-lo nesta data fosse a prova viva que precisava para me jogar sem medo neste sentimento.
Obrigada pela atenção demasiada, pela porra da peça de teatro e, principalmente, por ser exatamente como eu idealizava a pessoa perfeita para mim. Te agradeço pelos dias sonhando acordada, pelas vezes que nos encontramos por pura coincidência e pela felicidade momentânea que me causou. Pelo show que nós fomos, por ter tornado aquele dia hediondo em algo cheio de graça. E por essas memórias felizes que não farão diferença nenhuma na minha existência inconveniente e desnecessária.
Aliás, obrigada por ter virado a cara ao me ver naquela linda terça-feira nublada, por ter me mostrado que devo jogar minha vida amorosa no lixo  e por jurar que este é o último texto sobre amores infortunados que escrevo.
Estou sinceramente grata por esta minha nova perspectiva, agora pretendo ser fria e inalcançável, além de autossuficiente  um ser equilibrado, sem dúvida  focada sobretudo na escrita de crônicas cujo tema central será a crise existencial da nossa espécie homo sapiens sapiens.


As experiências anteriores me mostram que nada de muito interessante pode me ocorrer sem que, necessariamente, eu tenha que passar por todo aquele caminho tortuoso de vergonha alheia, humilhação e autopiedade. 
Do nada, se sucederam as piores tragédias da História da Humanidade, incluindo a ascensão de Hitler, o Restart, os fãs do Restart e, principalmente, minha vida amorosa. Do nada, eu só posso antecipar uma jornada frustrante de volta ao ponto inicial. Do nada, eu não espero mais coisa alguma. E é aí que reside a grande ironia. Porque quando não se espera nada, absolutamente nada, alguma coisa sempre acontece.

Natália Klein

10 comentários:

  1. O texto é lindo. Lindo como podem ser os amores em plena florescência. Mas transpira amargura; amargura dos "amores infortunados". Escoa um sentimento sem nome; sentimento que só que já sentiu entende e, ainda assim, talvez não consiga nomear.
    Espero que a sorte lhe presenteie com sorrisos e dias azuis. Mas também espero que continue a escrever. Sobre amores infortunados ou não.

    Abraço.

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    1. Nossa, você definiu meu texto de modo que nem eu conseguiria. Me emocionei. Sério.
      "amargura dos "amores infortunados". Escoa um sentimento sem nome; sentimento que só que já sentiu entende e, ainda assim, talvez não consiga nomear. " Me marcou!

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  2. Uau. Nossa, você escreve muitíssimo bem.
    O pior é que você escreveu uma situação tão semelhante a minha... Idealização, teatro, atenção. Foram os elementos exatos que constituíram o "meu primeiro amor". Já não lembro mais se fora numa linda terça feira nublada, porém nunca esqueço da maneira como me virou as costas. Nunca esqueço da pessoa que me tornei por causa disso, pois essa pessoa existe até hoje e não creio que mudarei demasiado meu comportamento frio e racional. Esse sentimento racional, por mais paradoxal que aparente ser, conduziu-me a caminho de grandes textos, um mar de inspiração, amadureceu-me. É por isso que agradeço. Agradeço a tudo que me fez, acreditar, iludir-se e crescer, não necessariamente nessa ordem.
    Lindo mesmo seu texto. (:

    Abraços,
    http://perolairregulaar.blogspot.com.br

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    1. Estou me perguntando que pessoa me tornarei depois disso! Ando mais triste e pensativa, sem dúvida, e acabei de descobrir que estou tão introspectiva que às vezes tenho que me forçar a prestar atenção no que os outros falam e não nos meus próprios pensamentos.
      Bem, se isso vai me ajudar a crescer, não sei. Mas desisto desse sentimento.

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  3. Às vezes precisamos ser frias para perceber e alcançar algumas coisas. Quando alguém age de um modo totalmente inesperado acabamos por nos tornar assim. Mas devemos dar ênfase ao "Às vezes", pois sem amor, nada somos.
    Beijo,
    http://menina-do-sol.blogspot.com.br/

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    1. Como sempre, por mais que eu diga que nunca vou amar, nem gostar de outro, por mais decepcionada que esteja, eu nunca desisto.É como Natália Klein disse: "Porque, apesar daquilo que eu finjo ser na maior parte do tempo, apesar do discurso cínico que eu costumo dar sobre a impossibilidade dos relacionamentos, eu continuo com os dedos cruzados, torcendo pelo dia em que alguém vai aparecer e me provar que eu estava errada. [...] Paciência. Talvez alguém seja ocupado demais para aparecer na vida de todos."

      Bom conselho, obrigada *--*

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  4. _Estou sinceramente grata por esta minha nova perspectiva...Q belo texto, inteligente, criativo, leva a pensar, questionar alguns valores, gostei muiiiito do conmteúdo da sua página, ela tem brilho e luz própria e vc demonstra gde habilidade com a escrita poética, pra vc menina, dxando o convite para apaerecer lá em casa vai do tio Castanha, bjos, bjos e bjosssssssssssss

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    1. Nossa, me emocionei com isso:"gostei muiiiito do conmteúdo da sua página, ela tem brilho e luz própria e vc demonstra gde habilidade com a escrita poética". Obrigada! Eu não seria nada sem meus leitores, eles que vem me ensinando a escrever melhor, mas sem dúvida fico pulando de alegria ao saber que estou, realmente, melhorando! Obrigada, novamente!

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  5. Samyle :)
    Como vai?
    Bom,por mais que a gente tenha amado alguém,por mais que essa pessoa tenha nos decepcionado, a gente de certa forma é grato por ter gostado daquela pessoa porque ela nos mostrou como uma pessoa pode ferir a outra para que a gente não faça o mesmo por ai...não sei se você entendeu,seria melhor se eu pudesse falar isso kkkkkkkkkkkkkk

    Beijos e cuide-se

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    1. Realmente. Ms me lembrei de algo, você é o segundo amigo que tenho que não segue os seus próprios conselhos... (kkkkkk)
      Beijos, Sandro.

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