quinta-feira, 14 de junho de 2012

Divergência - Parte II


Interior do Rio de Janeiro, Outubro de 1925
Exatamente 1 ano depois

Quem olhasse para a casa dos Ventura acharia que a família simplesmente era muito feliz, moravam numa residência belíssima, apesar de não ser grande como uma mansão, mas tinha tanto charme, era aparentemente tão simpática que muitos poderiam se confundir. Bom, você deve estar se perguntando "onde está a Srta. Alice?" esta é a segunda parte da minha descrição.
O sr. Ventura estava em frente da sua propriedade conversando com uma visita, um velho amigo seu. Até que ele, por ter observado a jovem por algum tempo, perguntou:
- O que há com Alice? Ela anda tão desanimada, e isso já faz tanto tempo...
- Não sabemos, mas acho que é frescura de moça - disse, mentindo.
Alice escutou, discretamente, esta parte da conversa. Já era tão óbvio assim? Todos perguntavam, sempre a mesma coisa! Por que a resposta já não era tão óbvia quanto? Ora, mas quem a ajudaria? Quem se importaria? Quem daria ouvidos a uma jovem que sofre de... amor? Ninguém. Essa é a resposta. 

*

Ela foi mais uma vez para o banco de jardim de sua casa, ouvia-se mais e mais suspiros infelizes vindo dela. Seus olhos, embora sem perceber, mostravam toda a tristeza que carregava há uma ano, exatamente um ano. Toda esperança que se destruía aos poucos, agora tudo não passava de poeira que se esvaia ao vento.
- Eu não preciso que venha por me amar, para casar comigo, só me tire dessa prisão. Oh, por favor! Eu já não aguento essa pressão, vou acabar cedendo! - Alice disse baixo, porém audível. Soltou um reflexo dos seus pensamentos, só não esperava que alguém a escutasse.
- Então é isso que vem fazer todos os dias nesse banco? É por isso que se recusa a ajudar sua pobre família? Isso é tolice Alice, escute sua velha mãe! Como ficam meus nervos? Minha filha não quer se casar porque espera um rapaz que jamais virá - sua mãe a assustou, contudo ela já estava acostumada com essa discussão.
- Não mãe, eu só quero me casar por amor e eu não amo o Sr. Montês, nunca amarei! Não é seu dever querer meu bem? Serei a mulher mais infeliz do mundo se assim fizer.
- Mais infeliz? Como uma mulher rica pode ser infeliz? É óbvio que quero seu bem minha filha, me escute! Seu pai não tem uma grande herança, como você vai se sustentar? Diga-me que desgraça será quando nós morrermos, como você irá viver? Que desgraça será não tivermos ao menos ganhado netos da nossa única filha mulher? Aproveite a beleza que Deus lhe deu! Aproveite as oportunidades, não é sempre que um rico produtor de café se interessa por uma simples moça filha de um simples produtor de açúcar.
Alice já não aguentava mais aquilo, há mais de um ano escutando essa conversa, sempre quando acordava e ia dormir, as evidencias eram claras e seus pais já não se sustentavam tão bem como antes, era o melhor a fazer, agora não tinha outra saída.
Ela cedeu.
Na semana seguinte

Estavam indo para a capital, o Rio de Janeiro, para comprar todos os preparativos para a festa (incluindo o vestido da noiva) e também para que a Alice conhecesse a família do noivo. A mãe dela tagarelava o tempo todo dizendo o quão feliz estava ao ver sua querida filha casando-se, ela, porém, se limitava a fingir que a escutava. Nada estava tão feliz assim...
Logo ao chegarem, foram instalados em uma casa que, embora pequena, era muito charmosa e aconchegante. Foram recebidos muito bem pela família do noivo, na verdade, uma pequena parte da família, o jovem casal Duarte. Quando a casa foi apresentada, os quartos preparados, o lanche servido e uma tentativa (fracassada) de conversa foi feita, a paciência de Alice fora totalmente extinta, tudo que queria era sair de perto deles, caminhar sem chances de retorno para algum lugar que a fizesse esquecer todos os problemas. Depois de perguntar aonde poderia fazer uma boa caminha, de ser delicadamente respondida pela sra. Duarte e de ter recusado a companhia, o mais delicado que pode, do sr. Duarte, seguiu as instruções desejando voltar o mais tarde possível.
Andava distraidamente, até que viu um restaurante tão chamativo, cujo o cheiro que de lá saia dava água na boca, que não conseguiu resistir a tentação. Abriu sua bolsa e encontrou, julgava, dinheiro suficiente para lhe satisfazer o apetite, então entrou e esbarrou em alguém.
-Ah, desculpe-me...-disse, atônita.
Era ele. Era Timóteo, não restava dúvida! Com aqueles mesmo olhos azul-cinzentos, mas com a apele um tanto bronzeada e com uma barba rala crescendo. Oh, como estava bonito! E ele parecia tão perplexo ao vê-la quanto ela mesma.
-A-Alice?-gaguejou.
Alice não respondeu, simplesmente o olhou esperando que pudesse faze-lo ver toda tristeza que carregou, toda esperança que ainda tinha, esperava que intendesse, que tivesse ao menos um pouco de perspicácia para ver como ele destruiu sua vida. Ela se virou. Ia manter seu orgulho, uma vez na vida, iria sair dignamente. Caminhou pela rua rapidamente, estava indo direto para casa esperando encontrar em seu quarto momentos a sós para refletir sobre tudo o que havia ocorrido. Tinha em mente, também, outra coisa: pelo menos, ele não teve o descaramento de segui-la.


*-*

Gente, desculpa por não estar tão presente aqui, mas estou sem internet e me focando mais nos estudos. Não vou abandonar o blog de jeito nenhum, só vou demorar mais a postar.
Bjin*

4 comentários:

  1. Perfeito
    Ah!! Se você poder dar uma visitinha no meu blog, deixando sua marquinha lá ficarei muito feliz.
    Bjão
    http://mundofantasticofeminino.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada, pequena, fico muito feliz em saber que gostou do conto *--*

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  2. Caracas moça! Tou curiosa pra saber a continuação! Num acabou não né? Quero saber!!! <3

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    1. Obrigada, desculpe pela demora para postar a continuação, mas já está aqui no blog *-*

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