A meu lado, ele observa atentamente a rua, provavelmente esperando a carona também. O prédio já está vazio, somente nós restamos. Todavia, a solidão impregna o ar. A gente sabe que não tem mais volta, esse é o tal do adeus. O meu primeiro adeus.
Dizem que devemos nos desapegar de muitas coisas ao longo da vida: pessoas, objetos, situações cômodas. Porém nunca consegui por completo, seguindo em frente sem sequer lembrar como vi muitos fazerem. Tenho um medo tão grande de deixar partes de mim por aí e nunca mais me encontrar. Esse é meu pior pesadelo: abrir os olhos e não ser mais eu.
É tolice importar-se com isto, imagino. Muitos já fizeram isso e sobreviveram, é um ciclo. Ano que vem muitos deixarão, muitos chegarão e construirão uma parte da sua história aqui, bem aqui, caminhando pelas mesmas calçadas e corredores por onde tantos já passaram e riram e choraram. Onde tantos já marcaram a sua vida, talvez a vida do próprio prédio. Passarão por este mesmo banco, quantas despedidas e reencontros ele já presenciou? Hoje foi minha última chance. Devo tê-la perdido por completo.
Ele se remexe a meu lado, viro-me surpresa com sua inquietação. Estende-me uma flor trêmulo, tão nervoso quanto eu, suponho. Não sei o que fazer, minha boca se abre e fecha em seguida sem emitir som algum. Não sei o que dizer, sorrio em agradecimento mas meu peito dói. Um carro buzina freneticamente, escuto um grito mandando que me apresse. Tempo, tempo, quão cruel você é às vezes.
O tempo é cruel.
ResponderExcluirEle não pede licença, simplesmente passa.
Isso é muito relativo, na verdade, num momento pode estar acontecendo algo ruim pra você ao mesmo tempo que ocorre algo bom pra outra pessoa. De certo modo é justo ser assim. Nós é que deveríamos aproveitá-lo melhor.
ExcluirÉ horrível se despedir de alguém e saber que aquilo pode ser pra sempre. De uma forma ou de outra despedidas mudam os relacionamentos. Sei exatam,ente como é esse sentimento, e acho que todos sabem. Não tem com o evitar, o negócio é sguir em frente.
ResponderExcluirBeijos
barradosno-baile.blogspot.com
Ah esse texto é de partir o coração! :(
ResponderExcluirAdolecentro
Sabe, não estou conseguindo escrever coisas felizes ultimamente. Não que eu esteja infeliz, mas simplesmente não sai, não fica bom... E eu gostei desse. Talvez seja este o problema: coisas tristes andam me agradando.
ExcluirDevemos nos apegar das coisas mais nunca esquece-las belo texto...
ResponderExcluirAcho que resumo esse ano, pra mim, deste modo. Tive de praticar exatamente isso todos os dias...
ExcluirEu me sinto tão cativada pelo que você escreve. Talvez seja triste, mas a felicidade cansa também, não digo que ela seja ruim... Sei lá. O tempo passa constantemente, mas quando você realmente precisa dele, precisa que ele passe e corra, ele não para, mas parece fraco.
ResponderExcluirhttp://doisquintos.blogspot.com.br/
Escrevi, apaguei e reescrevi um monte de vezes uma tentativa de reflexão sobre felicidade para te responder dignamente, mas não deu. Sei lá, é muito relativo, depende de variáveis demais para minha cabecinha, e olha que eu tinha entrado numa feira de ciências com um trabalho sobre felicidade, mas troquei de grupo e agora estou com células IPS. Ciência é água com açúcar comparada com isso.
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