sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Como Romeu e Julieta

Título: Como Romeu e Julieta
Autora: Nina Auras
Editora: Novo Século
Páginas: 197



Mantive muitas expectativas sobre esse livro enquanto esperava uns três meses para que chegasse na livraria. Veja bem, a autora tinha somente catorze anos ao publicá-lo, e mesmo assim já era fã da Clarice Lispector e José Saramago, tem até um trechinho de Guimarães Rosa aqui, algo que nem minha professora de redação conseguia ler nessa idade. E talvez seja exatamente esse motivo que me fez desgostar da leitura. A lição da vez, além do básico "nada de expectativas"? Bom  gosto não garante nada.
Não, era mais do que isso... eu estava animada. Triste, porém animada. Uma combinação certamente estranha e possivelmente macabra. Pág 103
   Uma menina acaba de se mudar com a mãe para a Cracóvia, à contragosto. Porém, ao encontrar uma estante cheia de livros antigos no porão da casa, esquece-se logo da sua situação e entrega-se à leitura de um misterioso diário que encontrara ali no meio. E embarca na estória da Julia Leinster, a dona do diário, que viveu na Cracóvia durante a Segunda Guerra e que fez uma loucura que mudou para sempre a vida de toda a sua família. Ela escondeu um judeu, fugido de Auschwitz-Birkenau, no seu porão.
Ele é uma espécie de fuga do mundo real; é uma pessoa que ninguém, além de mim (certo, e Martha), sabe que está lá, mas que está. É... quase doce e quase seguro  essa sensação de que alguém sempre estará lá, mesmo sem saber o motivo. Pág 146 e 147.
   Não, o livro não é ruim. Acalme-se. A escrita da Nina é bem desenvolvida apesar da idade, usando palavras mais maduras. Ela fez bem em escolher narrar em forma de diário, embora a letra em itálico tenha me incomodado a princípio, isso seria o mais plausível para a sua narração, que deu-me a ideia de ser "corrida", algo que não focava necessariamente no meio e mais nos pensamentos, como um diário é  ao menos, o meu diário. Ou talvez ele não seja nem diário, já que gosto muito mais de criar monólogos sobre assuntos aleatórios do que narrar a minha vida em si.
   O que me irritou profundamente foi a Julia. Imatura, não obstante aos seus dezessete anos, egoísta e totalmente sem-graça. A típica personagem sem sal que simplesmente está lá. Respirando. E esse é o grande problema, as personagens estão rasas, o que ainda se salva é Adam, o judeu, que é um pouco reservado como convém. Mas o que foi aquele final? Não, o que foi a droga de atitude da Julia no final? [momento quase-spoiler. Se realmente não quer ficar nem com uma pulga atrás da orelha, pule para o próximo parágrafo]É simplesmente inverossímil que uma pessoa continue com esses mimimis apaixonados depois do que ele fez com alguém com quem ela conviveu a vida inteira. O amor só nasce com o tempo, portanto, pelo menos na minha cabeça, você vai amar mais a sua família. E nenhum argumento, por mais lúcido que seja, vai mudar esse amor.
   Mas vamos falar de romances. Bem o que o título sugere, embora não seja uma releitura. O amor de Julia é algo forte, nasceu de não-se-sabe-onde, talvez fruto da carência, mas é plausível. Adam é reservado, não te dá a resposta se a princípio era tudo uma tentativa de agradar a sua salvadora, ou se por trás da fachada havia uma forte admiração por aquela garota que estava se arriscando para ajudá-lo. Não é um romance que de início já te conquista, vai te encantando aos poucos, a medida que o amor de ambos torna-se evidente.
   Essa foi a parte que mais me cativou:
Foi aí que eu ouvi. A respiração dele, do outro lado da porta. Também estava apoiado nela e ele ofegava no mesmo ritmo nervoso que eu. Aquilo pareceu tão errado. Eu de um lado e ele de outro. Separados por uma porta, respirações sincronizadas, pensando um no outro [...] Pág 153
   Mas um aviso. Não leia esperando alguma estória que realmente fala sobre o nazismo. Isso é pano de fundo aqui, nem Julia parecia estar tão preocupada com o seu segredo. Não posso culpá-la, a sua vida estava caótica. Todavia, a autora teve todo um cuidado colocando uma breve explicação sobre o campo de concentração e o papel da cidade nesse período antes de começar a sua narrativa. E a editora também, a contra-capa bem simples me fez, toda vez que parava um pouco a leitura, ficar admirando-a.
   E, por favor, não se assustem com a parte negativa. Quando algo me irrita eu realmente surto. Não é tão ruim quanto parece.
Então me desdobra, me lê, me decifra. Fica mais fácil com o tempo  respondi. Pág 147.

XOXO,
Samyle S.

4 comentários:

  1. A história parece ser bem interessante!
    Beijos

    featglam.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. "Ele é uma espécie de fuga do mundo real;" já quero ler o livro

    ResponderExcluir
  3. Adorei a dica, o livro parece ser ótimo. Com certeza vou ler!

    Vem conhecer o Projeto "Bloquinho Viajante"

    Beijos,
    Blog Fashion e Bella
    www.fashionebella.com.br

    ResponderExcluir